segunda-feira, 14 de março de 2011

Até um dia

Hoje foi o último dia de um colega de trabalho lá conosco. Ele foi dessa pra melhor...
Não, ele não morreu. O que eu quis dizer é que ele passou em um concurso melhor e foi tomar posse. Hoje foi seu último dia trabalhando conosco.

Curioso que nós não éramos amigos. Nosso relacionamento é quase que apenas "bom dia" e "até amanhã". Não é que não gostasse dele. Pelo contrário! Mas não sentávamos perto um do outro e a sala é grande. Para conversarmos ou teríamos que gritar ou parar de trabalhar para um ir à mesa do outro bater papo.
Claro que não fazíamos nem um nem outro.

Enfim, o fato é que hoje, quando me despedi dele, tive uma sensação de perda. Havia me acostumado a vê-lo todos os dias. A partir de amanhã, aquela cadeira perto da sala do chefe estará vazia.
Sei que talvez eu o veja algum outro dia, mas nada será igual.
Não seremos mais colegas de trabalho, daqui a algum tempo, pela falta de convivência, seremos dois estranhos.

Não me levem a mal. Não estou assim por este fato isolado. É um sentimento de perda por todas aquelas pessoas com quem convivi e nunca mais vi. Aquele colega de colégio que fazia rir, aquela colega de faculdade louca... Não éramos amigos, mas éramos companheiros de convivência de todos os dias.

...

Deixo vocês com um trecho daquela música de Oswaldo Montenegro, A Lista.

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...

Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...

Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?

sábado, 12 de março de 2011

Uma noite e nada mais

Há mais ou menos uma semana atrás, deram uma cadelinha pro meu irmão.
Quando eu digo "deram", eu quis dizer "entregaram" mesmo. Colocaram nas mãos dele e disseram "te vira".
De forma alguma poderíamos cuidar dela porque já temos um cachorro. Muito ciumento e territorialista, por sinal. Mas não poderíamos simplesmente deixá-la na rua ou entregá-la para o primeiro que aparecesse.
A levamos pra casa, temporariamente. Só enquanto minha mãe não chegava. Precisávamos ganhar tempo para resolver o que fazer com ela.
A colocamos num tapete, demos água e ração. Ela não comeu. Depois descobrimos que era porque ela era muito novinha ainda e só bebia leite. =P
Não vou negar que me apeguei a ela. Quando você cuida de um ser que depende de você não tem como não se sensibilizar e se apegar a ele. Bom, pelo menos não pra mim. E olhe que não me considero alguém tão sensível assim.
Mas o fato é que me apeguei a ela e quis que ela continuasse conosco, mesmo sabendo das dificuldades que enfrentaríamos com nosso cachorro. Mas fala sério, era impossível.
Quando meus pais chegaram, eu e meu irmão imploramos que pensassem numa solução. Tudo bem que não ficássemos com a cadela, mas tínhamos que arranjar um lar pra ela! E tinha que ser alguém que sabíamos que cuidaria bem dela. Não podíamos fazer como a irresponsável que a jogou nos braços do meu irmão.
Me peguei pensando sobre os limites da maldade do ser humano. Abandonar um ser indefeso sem se preocupar em como ele vai fazer pra se virar. E pensar que tem gente que faz isso com pessoas...

Meu pai a levou pro trabalho no dia seguinte e um dos rapazes que trabalha com ele num instante arrumou um lar pra bichinha. Era um rapaz que morava perto dele e já vinha querendo um cachorrinho há tempos. Ele a levou, com a recomendação de que ela só bebe leite.
Hoje ela está lá, fazendo uma família feliz e recebendo a mesma felicidade em troca.
E eu também estou muito feliz por saber que ela está sendo bem tratada.
=D

Quis compartilhar essa história pra daqui a uns anos, quando vier aqui nesse blog, que estará abandonado, reler essa história e me alegrar com ela. Lembrando da cadelinha fofa que foi minha por uma noite e mesmo por tão pouco me ensinou algo muito importante. O que ela me ensinou só diz respeito a mim e é demais querer que eu compartilhe isso também.
Contentem-se com o que escrevi e com a foto que tirei dela para ficar para a posteridade.